quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Desastre de Mariana poderia ser evitado com novas tecnologias de reaproveitamento de rejeitos

Estação de tratamento de minério a seco da New Steel
A construção de barragens para recolher rejeitos de minas, como faz a Samarco em Mariana,  não é a única alternativa para deposição desses materiais. A empresa Minerita, localizada em Itatiaiuçu, na zona metropolitana de Belo Horizonte, reaproveita parte dos rejeitos e por isso ganhou o Prêmio Bom Exemplo da Rede Globo no ano passado. 

O material é descartado numa montanha de areia, que é enviada para outra fábrica da empresa, que extrai o minério de ferro remanescente nos rejeitos. O que sobra é misturado com cimento para fazer produtos para a construção civil. Do material beneficiado, metade retorna como minério de ferro e a outra metade é utilizada na fabricação de pré-moldados para a construção civil.

São produzidos, em média, 3 milhões de blocos de concreto por ano e cerca de 5 milhões de peças que podem ser usadas em calçadas e estacionamentos, por exemplo. O supervisor de produção, Oto José Pedrosa, explicou à Globo que esse tipo de piso também ajuda o meio ambiente: “Esse piso permite um abastecimento do lençol freático, coisa que o asfalto não permite”.

RECUPERAÇÃO A SECO
Uma outra empresa, a Green Metals, trabalha exclusivamente comprando e reutilizando o rejeito das mineradoras para produzir novos materiais. Ela utiliza o processo de recuperação a seco, em que o rejeito, ao ser processado, separa minério de ferro, argila e areia, gerando minério de ferro de alta qualidade e subprodutos que podem ser utilizados na construção civil. 

A empresa consegue extrair dos rejeitos 65% de minério de ferro, 15% de areia, para uso da construção civil, e 5% de argila, para produção de cerâmica. “O processo é tão refinado, que conseguimos do rejeito um produto com teor de ferro de 65% (FE64%),superior ao que é normalmente produzido (FE 62%)”, explicou ao Correio Brasiliense José Guilherme, o diretor de Relações Institucionais da empresa.

Já a Votorantim Metais, voltada para a mineração de zinco,  teve uma receita extra de R$ 70 milhões com a venda de calcário agrícola retirado de seus rejeitos. E pretende eliminar todas as suas barragens até 2020. .

Uma outra empresa, a New Steel , pertencente ao grupo brasileiro Lorentzen, venceu o prêmio Platts Global Metals Awards 2015, na categoria inovação, por desenvolver uma tecnologia chamada Fines Dry Magnetic Separation (FDMS), onde a separação de ferro é feita magneticamente  a seco, poupando água, usando gás natural ou biomassa e sem gerar rejeitos. E o melhor:  concentrado obtido possui teor de ferro de 66%, acima do mínimo de 58% exigido para validar o produto como commodity. Ela opera com beneficiamento a seco em Minas Gerais desde 2010.


O ambientalista Apolo Lisboa disse ao portal do Insituto Humanitas, da Unisinos que o tratamento a seco, que é mais seguro para o meio ambiente, é mais caro e as mineradoras não querem gastar: “Os acionistas e os diretores querem bater recorde de lucratividade, é uma corrida insana ao lucro e às carreiras pessoais.”  O setor de mineracão é considerado o mais perigoso para se trabalhar segundo a Organização Internacional do Trabalho.

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