segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Outliers, O sucesso deveria ser mais regra e menos exceção


Todos nós admiramos gente como Bil Gates, Robert Oppenheimer e tantas outras pessoas que se destacam da maioria. E, por causa de gente como eles, inventamos uma cultura que supõe que ter sucesso na vida depende muito talento, muito esforço e muitas outras qualidades individuais.

O novo livro de Malcolm Gladwell, Outliers, destaca um aspecto pouco valorizado do sucesso: o papel da sociedade, do contexto, do momento histórico e de outros fatores externos ao indivíduo. Gates, claro, é um sujeito extraordinariamente talentoso que batalhou muito na vida. Mas, mostra Gladwell, ele teve a sorte de ter acesso ilimitado a computadores num momento em que pouquíssimas pessoas no mundo podiam sequer sonhar com esse privilégio. O mesmo aconteceu com Steve Jobs.

No entanto, no processo de seleção para o hóquei no gelo, um dos esportes nacionais do Canadá, muita gente talentosa pode ficar na berlinda. O motivo, segundo Gladwell é que as inscrições para a Liga Júnior, a porta de entrada para o hóquei, terminam no dia 1º. de janeiro. E quem nasce próximo a essa data chega no processo de seleção mais desenvolvido que quem nasce depois. E acaba passando na peneira. Com isso, ganha acesso a um treinamento super privilegiado que o coloca definitivamente na frente dos outros. Aí, sim, se torna um Outlier, um Fora de Série.

Assim como calendário, a origem social, a auto-estima, o momento histórico e outros fatores acabam barrando gente que poderia ser muito valiosa para a sociedade. O exemplo mais gritante é o de ChristopherLangan, um homem com um QI superior ao de Albert Einstein, que ganhava a vida como... leão-de-chácara. Gladwell compara a vida de Langan com a de outro gênio, Robert Oppenheimer, o chefe do Projeto Manhattan, que criou a bomba atômica. Oppenheimer, com um QI bem menor que o de Langan, teve auto estima e traquejo social para superar os obstáculos que a vida colocou em seu caminho. Langan se sentiu rejeitado e acabou desistindo.

A lição que fica é: nossa sociedade, que é tão seletiva que valoriza tanto o darwinismo social, deveria levar mais em conta a maneira como formamos as pessoas e selecionamos algumas delas para merecer mais atenção que as outras. Se mais pessoas tivessem mais oportunidades teríamos mais gente de valor criando valor para a sociedade e para o mundo. Mas o que fazemos é oferecer o pódio a uns poucos e varrer a maioria para baixo do tapete.