segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

The Human Library, a biblioteca onde você empresta pessoas para conversar

Imagine uma biblioteca diferente, com livros pendurados no teto onde se vêem títulos como “Zelador”, “Evangélico”, “Mulher Gorda”, “Feminista”, “Veterano da Guerra do Iraque”, “Mórmon”, “Atleta Olímpico”, “Bicha”, “Menino de Orfanato” e outros. É claro que não se trata de uma biblioteca comum, mas de uma biblioteca onde as pessoas, ao invés de emprestar livros emprestam... outras pessoas.

Os “livros” são voluntários que se oferecem para compartilhar suas histórias com os “leitores”, que são membros da comunidade A primeira dessas “bibliotecas” foi realizada no Williams College, no estado americano de Massachusetts nos dias 10 e 11 de fevereiro e reuniu mais de 240 “leitores”.

“O objetivo era que membros da comunidade – dentro do campus e fora dele – aprendessem mais uns sobre os outros, para explorar e ir além dos estereótipos, desenvolvendo uma compreensão maior da história única de cada um dos outros”, explica o site da Williams.

Uma das participantes como “livro”, Helena Warburg, diretora da biblioteca de Ciências da Williams, usou o título “Filha de Sobreviventes do Holocausto.”. Como bibliotecária ela diz que adora as mensagens que os livros lhe trasmitem, por isso “a oportunidade de ser um livro humano ao invés de um livro impresso foi fascinante”.
No entanto, embora ela estivesse ansiosa por compartilhar alguma coisa sobre si mesma, de forma a que as pessoas pudessem ter uma ideia melhor sobre sua identidade, ficou surpresa ao ver a força dos estereótipos. A identidade dos “leitores” variava mas na maioria das vezes as pessoas faziam a mesma pergunta.

Lauren Shuffleton, que participou com sua amiga Evalynn M. Rosado, também ficou impressionada com a experiência: “meia hora não é nem um pouco suficiente para conversas mais desafiadoras. Mas eu acho que o que a Human Library me ensinou foi reconhecer que em Williams e em Berkshires tenho grupos de colegas que têm origens diferentes da minha e essa é a hora de ter aquelas discussões densas e importantes”.

As reuniões já aconteceram em 70 países desde que o projeto foi fundado em 2000 e o programa tem um slogan muito interessante “Não julgue um livro pela sua capa”, indicando que os títulos dos livros-pessoas dizem muito pouco sobre elas e é preciso ir além para conhecer alguém melhor.

O site do projeto na Grã Bretanha o descreve como um movimento internacional pela igualdade que desafia a discriminação através do contato social. O mecanismo de biblioteca é usado para facilitar conversas respeitosas que podem mudar positivamente as atitudes e comportamentos das pessoas com relação a membros da comunidade que correm o risco de exclusão e marginalização. Ou seja, criar empatia.
De acordo com as últimas pesquisas em neurociência, 98% das pessoas (os 2% restantes são os que têm tendências psicopatas) têm a capacidade de ser empático jé programada no cérebro, bem como a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo seus sentimentos e perspectivas.

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