segunda-feira, 6 de abril de 2009

Com Google e redes sociais, pesquisa de mercado entra na Era 2.0


Esqueça as qualis, quantis e outras ferramentas da pesquisa tradicional. A nova pesquisa de mercado usa os rastros que deixamos ao navegar na Internet para identificar tendências de comportamento e de consumo.

Se você costuma fazer compras pela Amazon, fica mais fácil entender do que estou falando. De acordo com o tipo de livros que você costuma comprar, o site identifica o endereço IP do seu computador (espécie de impressão digital eletrônica de cada maquina) e indica livros que ele acha que são a sua cara.

Da mesma forma, o Google vai rastreando as suas preferências e identificando o seu perfil de consumo. O mesmo fazem os outros sites de busca, como o Yahoo e MSNSearch. Essas informações são repassadas aos novos gurus da pesquisa online como Bill Tancer, que além de analisar os dados dos mecanismos de busca, passa um pente fino nas redes sociais como Orkut, MySpace e Facebook.

O resultado é que Tancer coleta dados muito mais confiáveis do que a das pesquisas tradicionais. Ou você acha que aquele circunspecto cavalheiro que lhe cumprimentou hoje pela manhã confessaria num grupo de pesquisa que adora dar uma fuçadinha num site pornográfico de vez em quando?

“Na condição de participantes de pesquisas, a maioria de nós se preocupa com a própria reputação, isto é, não queremos oferecer um vislumbre sequer de nossa vida cotidiana que possa fazer com que pareçamos pessoas imorais”, escreve Tancer no livro Click, já traduzido no Brasil. Mas quando você está sozinho, na privacidade do seu computador, esse cuidado deixa de ser necessário.

Os dados manipulados pelas empresas são anônimos e a pesquisa online não quer dizer, necessariamente, que haja um Big Brother por aí nos espionando. Muitas vezes somos nós mesmos que oferecemos informações a nosso respeito dentro das redes sociais, no afã de fazer amigos com gostos semelhantes.

Ou oferecemos dados pessoais em troca de serviços, quando, por exemplo, você se registra no GMail (para ganhar um endereço de e-mail grátis) ou na página de notícias do Google (para ganhar um jornal eletrônico exclusivo, só com as notícias que lhe interessam).

“A personalização da busca procura determinar quem você é pelos dados demográficos que oferece (como quando você se registra no Yahoo) e/ou por seu histórico de clickstream”, escreve John Batelle, no livro “A Busca”, sobre o Google e seus concorrentes. O clickstream são as pegadas que seu endereço IP deixa ao navegar.

É da capacidade de acumular essas informações e transformá-las em negócios que vem a força do Google: “Os dados sobre comportamento de busca e de uso da internet podem ir além de mero mapeamento da força de um candidato ou de uma nova marca (...). Eles podem oferecer uma visão privilegiada do próprio processo de tomada de decisões, e, ao contrário das pesquisas tradicionais, esse comportamento observado não é distorcido por nenhum tipo de inclinação, tendência ou preconceito na selecão dos participantes”, escreve Bill Tancer.

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